quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A Fotografia e a Casualidade

Segundo Entler (1998) aponta a fotografia é depende mais do momento do que da construção propriamente dita. Na verdade a questão levantada pelo autor requer um pouco mais de análise, tendo em vista que a casualidade e a fotografia andam lado a lado. Podemos notar isso quando analisamos a foto de um espaço urbano, pois as luzes, formas e movimentos estão em constante movimento então fica comprovado a necessidade de se trabalhar o acaso na fotografia. Um ângulo inesperado ou a imposição de uma luz mais forte as vezes trás a originalidade para determinadas fotos, as quais trariam uma mesmice caso fossem “ensaiadas”.

O autor citado ainda questiona a qualidade das expressões criadas a partir do mero acaso, quando levanta a possibilidade de alguém fazer fotografias aleatórias com sua câmara e ainda assim alcançar um resultado positivo, para ele isso é possível, mesmo que a idéia ainda desperte discussões com aqueles que preferem manter tudo sobre controle. Creio que sobre esse tema podemos concluir que a casualidade gere fotos mais artísticas, que apesar de dispor mesmo assim de alguma técnica, o fotógrafo a usa com mais liberdade de criação propriamente dita. Mesmo porque para tanto, ele iria analisar a disposição de luz entre outros pré-requisitos básicos.

Questiona ainda a utilização do acaso na composição de trabalhos artísticos, aponta ainda o uso dessa técnica já nas obras impressionistas. Ele ainda cita diversos pintores e artistas que utilizaram a casualidade como parceira na composição de obras que revolucionaram a questão da arte em si, entre eles Duchamp que retirava objetos de seu cotidiano e compunha peças que faziam diversos questionamentos referentes a sua composição, e Picasso que defendia a idéia do encontro com a arte e não somente a busca pela mesma. É nesse encontro que mora a casualidade, pois a arte, a fotografia entre outras vertentes podem estar em diversos pontos a ser retratados pelo compositor.

Ao mencionar os recortes existentes em algumas fotos, o autor coloca novamente o questionamento da casualidade como técnica, mas aponta como existe um limite para um determinado fotógrafo exercer o poder de escolha para registrar determinadas situações, objetos, de uma maneira mais precisa. Isso se dá mediante um conhecimento e reconhecimento daquela determinada situação, onde o acaso aleatório dá lugar ao desconhecido.

Podemos notar também que os acasos e acidentes muitas vezes não são mencionados ou admitidos pelos autores em suas obras, como forma de não causar alardes e controvérsias sobre o resultado final de sua obra. Na fotografia existe um vasto campo de possibilidades impostas diante da câmara, o autor aponta a necessidade do fotógrafo de explorar isso para alcançar a originalidade em sua obra. Talvez, assim como Design e Arte a questão da técnica e do acaso, sejam questões que se completam e não que se distinguem por si só. Existe uma co-relação entre elas para se chegar em um determinado resultado, inesperado ou não, mesmo que a situação seja a mais adversa e inesperada possível.

ENTLER, Ronaldo. Fotografia e acaso: a expressão pelos encontros e acidentes. In: O fotográfico. São Paulo: Hucitec, 1998. p. 281-294.

* texto escrito com base na referência bibliográfica acima, atividade da aula de Fotografia com a Profª Cristine.


Por Ricardo Pergentino

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